Ensinamentos

Monday, September 22

Eu tenho um problema sério comigo mesma quando me pego julgando alguém. Quando eu era pequena lembro-me de todos aqueles ensinamentos que minha vó tentou me passar. Ela sempre dizia: “Não julgues se não quiseres ser julgado.” Porém, é difícil ser neutro diante das pessoas.

Recentemente ganhei de “presente” um colega que era casado com uma ex-colega de faculdade. Depois que ele entrou no meu círculo de amigos, ele traiu a mulher grávida e não teve piedade com as palavras quando esta descobriu a traição. Sem falar, que sei que no passado, ele estava sem teto e sem apoio e foi sua ex-namorada que o apoiou quando todos o viraram as costas. E agora, ele em “agradecimento”, resolveu trocá-la por outra mulher.

Sei também, através de pessoas próximas a ela, que ela sofre muito por tudo isto. E além de tudo, ele tem demonstrado, nas saídas do grupo de amigos, uma certa tendência à mentira e a enrolação. Confesso aqui que não consigo olhar pra ele sem pensar que ele é um ser desprovido de bom caráter. Não sei conversar com ele nos churrascos sem ter a certeza de que ele irá me apunhalar pelas costas a qualquer momento, pois julgo que se ele traiu a mulher, seria capaz de trair a confiança de qualquer outra pessoa.

Por respeito a todos os meus amigos que escolhi a dedo, finjo que não sei de nada, porque sinto vergonha por ele. Ao mesmo tempo, me pergunto se estou certa ao pensar assim. Porque na verdade, eu já o julguei e condenei-o. Na minha cabeça, ele é uma pessoa de péssimo caráter e merece pagar por tudo o que fez. Mas tem um outro lado questionador em mim que sempre pergunta se em algum momento ele não teve algum motivo para fazer o que fez. No entanto, penso que por melhores que sejam as razões dele, a traição é algo tão vil e sujo que não merece explicações.

Todo fim de semana quando ele tenta se aproximar de mim eu respiro fundo, porque a presença dele, não só pela traição, mas também pelo comportamento que tem demonstrado, me deixa decepcionada. A única certeza que tenho é de um outro ensinamento que meu pai me passou: “Aqui se faz, aqui se paga!”