Histeria Feminina

Friday, September 26
Não, não está tudo bem. Não está tudo bem e colorido. Não quero que tudo esteja bem e colorido. When I get what I want, I never want it again. Não me toca no ombro. Não me toca em nenhum lugar. Não me diz pra ser equilibrada. Não me diz pra ser sã.

Eu não sou, não sou e não quero ser e assim está bom porque sou eu. Me deixa, me deixa morder meu lábio e chorar e trepanar o quanto eu quiser, porque é assim que é. Porque é assim que eu quero que seja.

Cansada. Chega de gente. Como existe tanta gente, hein? Por que elas acham que eu tenho que ouvir as baboseiras que elas dizem, hein? Eu não quero. Quem disse que eu quero? Eu não quero. Não quero sossego. Não quero alegria, nem paz, nem amor, nem sexo, nem drogas, nem cigarros, nem você. Eu queria sair daqui agora e ficar com ele. É, ele. Nem sei onde ele anda agora. Ele certamente não sabe onde eu ando. Mas é ele. Ele me dá tapas na cara e é a única coisa que funciona.

Será que é TPM? TPM na verdade é um momento feminino de lucidez. Porque a gente vê a estupidez real das coisas como elas são. A vida e o trânsito e a fila e as pessoas são estúpidas e dão vontade de gritar. Então gritamos, porque temos hormônios que nos fazem ser histéricas, todas nós.

Eu grito aqui, assim, não na rua nem na cara de ninguém. Eu grito sentada enquanto alguma coisa dentro de mim se contorce e eu não consigo controlar. E nem quero. Foda-se controle. Eu não gosto de controle. Você gosta de controle? Eu não tenho controle. Eu não tenho carro, nem ventilador, nem aspirador, nem cama de casal, nem mesa, nem cortinas. Eu não tenho nada. Agora eu não tenho nada. Então pode levar o que quiser. Só devolve meu corpo depois de usar.

Lava antes, né? Lava e passa. Pra ver se passa essa merda toda. Pra ver se pára essa merda toda. Meninas raivosas precisam cantar bem alto. Eu não tenho nem microfone. Eu não tenho voz. Eu tenho é vergonha na cara. Então eu canto bem alto. Eu grito. Mas ninguém ouve porque é pra dentro.