"and I don't want you to leave me... at all"

Sunday, September 14

"... eles brigaram feio desta vez. Ele mandou ela embora, e ela, descontrolada, disse que não iria. Passara por coisas demais para ser tratada daquela forma e ser escurraçada como um cachorro vadio. O nível alcólico dos dois ajudou bastante, claro, e não era a primeira vez que isso acontecia.
Ela ouviu coisas que jamais imaginou ouvir dele. "Desapareça.". Como assim, desapareça? Nesta hora o bom senso some, o amor próprio some, tudo se resume à lembrança de tudo que era, e que agora se transformava numa espécie de realidade virtual deturpada, onde o menino doce que ela conhecera se tornara uma espécie de babaca, que descartava as pessoas como se fossem lixo.

Então, enquanto ele recitava tudo que ela fizera de errado, algo explodiu dentro dela e ela chorou. Chorou por 2 anos numa cidade estranha, chorou de saudade dos amigos, chorou por viver com medo, por se sentir uma estranha num mundo que é totalmente e ainda estranho ao que ela estava acostumada... Chorou por tudo que fez por ele, pelo sofrimento, pelas noites ao telefone, pelas risadas, pelas canções dedilhadas num certo violão, chorou porque ele era sua última tentativa de ser feliz numa cidade que ela odiava... E tudo desmoronava na frente dela, e ela não parou de chorar por muito tempo, compulsivamente, desesperadamente... Até que ele a abraçou, não se sabe o que o fez para de ofende-la e ver a situação na qual ela se encontrava.
Mas ela queria que aquilo acabasse. Queria fugir dali, queria ir pra longe, simplesmente não aguentava mais, eram lágrimas demais, desespero demais...

Então ela olhou bem no fundo dos olhos dele e disse que o amava, mas que iria partir. Que para sempre seria grata, pois ele a havia resgatado do mundo que ela havia criado pra si mesma, e que por causa dele ela foi feliz por muito tempo. E ela nunca esquecia quem lhe fazia um bem.
Mas ele não a deixou partir. Chorava também? Ela até agora acha que via coisas.
Num abraço ele disse tudo que ela queria ouvir.

"I don't want you to leave me... never wanted."


Foram mais lágrimas, muitas desculpas, explicações, abraços... Ela não foi.

Pensa agora que existe um abismo estranho entre os dois. Ou é a sua cabeça lhe pregando peças, a insegurança voltando, ela não sabe ao certo. Não se abraçaram direito quando seu ônibus chegava... Foi tudo muito rápido, ela tinha que subir, o abraço apropriado para o fim de um fim de semana que poderia ter sido o último ficou vagando em algum lugar do cósmico...
Ela quer que tudo seja como antes.
Ele quer que tudo seja como antes.
Quer?
Ela espera que sim.

Não vai ligar mais. Vai esperar. Ele precisa de espaço. Precisa sentir sua falta.
Guarda seu sorriso para acompanhá-la quando ou se as coisas ficarem ruins.
Lembrou da noite anterior... Ela no banheiro escutando sua risada com amigos ao longe. Sorri com a lembrança, assim como sorriu na ocasião.

Escreve. Não é um bom texto, mas precisava desabafar. Está cansada... Tão cansada.

"and I don't want you to leave me... at all" She will never do so...